terça-feira, 10 de maio de 2016

Ulla Pirttijärvi - Áibbašeabmi (2008)


Ainda nos dias de hoje, muitas pessoas sequer fazem ideia do que seja "Sami" (Sámi ou Saami), mas uma parcela dessas mesmas já ouviram falar no termo "lapão". E é no meio dessa guerra de nomeclaturas que inicio o primeiro post do mês de maio, com Ulla Pirttijarvi.


Ulla nasceu na vila de Angeli, extremo norte do país, e começou sua carreira musical no grupo Angelin Tytöt — um rabisco biográfico do grupo assim como um esboço sami pode ser conferido aqui: http://transsuomiexpress.blogspot.com.br/2015/07/angelin-tytot-girls-of-angeli-new-voice_29.html —, mas seu interesse pela música teve gênese familiar, com sua mãe e seu tio "cantando" histórias de seus antepassados, desenvolvendo naturalmente seu gosto pelo canto. Sempre foi ativa no que diz respeito à promover a cultura e a autonomia Sami. Aos 20 anos, compôs e produziu Honkonk Dohkka, álbum voltando para crianças a fim de ensiná-las mais sobre o universo Sami — o mesmo ganhou o prêmio cultural pelo Conselho Sami.


Em Áibbašeabmi (Longing - ou o equivalente a saudade), apelo mais tradicional e menos pop que nos tempos de "Garotas de Angeli", com momentos hora introspectivos hora xamânicos — conexões com os índios norte americanos não são mera coincidência. Excelente disco que se depender do TSE não será ofuscado por uma tempestade de neve! Sem contraindicações.


Espera, faltou explicar a tal guerra de nomeclaturas no início do post. O termo "lapão" não é bem visto pelo povo Sami devido ao caráter colonialista. De Lars Levi Laestadius à Adolf Hitler, sofreram inúmeras tentativas de extermínio étnico e cultural, mas felizmente — apesar das tristes histórias e com um árduo caminho a percorrer — sem o devido sucesso.



Lappi Info:

+ Estudos (também) feitos pelo especialista em DNA antigo Eske Willerslev e recentemente publicados na revista Nature e em importantes sites como a National Geographic revelaram que há uma conexão entre os índios norte-americanos e os Sami que vai muito além das coincidências culturais. A novidade é baseada nos restos mortais de 24 mil anos de um garoto encontrado na aldeia de Mal'ta, próximo ao Lago Baikal na região central da Sibéria. Seu genoma mostra que há uma probabilidade de até 30% de sua ancestralidade ser rastreada até a Europa. Segundo Eske, geneticamente o garoto não tinha semelhança com asiáticos orientais, mas se pareciam com europeus e com povos da Ásia ocidental, assim como suas características serem tão únicas como as dos nativos norte-americanos.

+ Ainda sobre a conexão "Sami-Native American Indians", as novas (histórias de) origens podem revelar mais peculiaridades arqueológicas do Novo Mundo. Antigos crânios encontrados nas Américas do Norte e do Sul, por exemplo, possuem características que não envolvem asiáticos orientais, mas à linhagens eurasianas ocidentais. Baseado nisso, alguns cientistas hipotetizam que os nativos americanos eram descendentes de europeus que navegaram através do Atlântico rumo ao oeste. Embora (sob a ótica de Willerslev), não chega a ser necessária uma hipótese tão extrema. Basta visualizar suas raízes na Eurásia ocidental paras essas características fazerem sentido.

+ Mais detalhes (com os textos originais) sobre este tema: em inglês (http://news.nationalgeographic.com/news/2013/11/131120-science-native-american-people-migration-siberia-genetics/) e português (http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/indios_americanos_tem_raizes_europeias.html).

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