quarta-feira, 29 de julho de 2015

Angelin tytöt [Girls Of Angeli] - The New Voice Of North (1997)


Angeli é uma pequena vila na cidade de Inari, extremo norte da Finlândia, mais conhecido como Lapônia. E é de lá que vem as garotas do post de hoje, Angelin tytöt.


Para entender a música do Angelin tytöt, primeiro devemos conhecer um pouco de suas origens. Angeli, sua terra natal, é apenas um dos vilarejos puramente Sámi existentes na Europa. Sámi são os indígenas europeus. A gênese linguística, dividida em alguns dialetos, é a mesma do finlandês, a "Urálica" - termo derivado de uma possível nação vivida há cerca de 7000 mil anos nos Montes Urais, cordilheira que compreende os territórios da Rússia e do Cazaquistão, onde falavam o Proto-Urálico -. Embora fossem nômades, se dedicavam à criação de renas no território que hoje é atravessado por quatro países; Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia. Viviam inicialmente em "kota" (tendas feitas com tronco, pele de rena ou lona, e com uma fogueira no centro, assim como os indígenas da América do Norte) e posteriormente, em casas de madeira. Possuem uma forte ligação com a natureza que os cercam. A noção de tempo para eles é visto de uma maneira totalmente diferente; não existe hora, minuto ou segundo; é simplesmente o que a natureza lhes dá. O ano começa na Primavera, onde nascem as crias, enquanto que, no Verão, trabalham com afinco, semeando e colhendo batatas, da mesma forma que estocam lenha e colhem frutas, tudo com o objetivo de se garantirem no rigoroso Inverno, que pode chegar aos - 50ºC. 


Do modo de viver interligado à natureza veio uma das mais legítimas formas de expressão: o Yoik. A música tradicional Sámi. Na música Sámi usa-se vários instrumentos, como o "Fádno", feito do caule da Angélica; sendo complementado com batidas tribais, cânticos melodiosos e sussurros, que, com o passar dos tempos (mudanças culturais e queda de popularidade no século 20 devido às rádios pop e também pelo fundamentalismo religioso Luterano causado pelo "Laestadianismo") foi se transformando, vagarosamente se inserindo na cultura pop, com a adição de climas etéreos e batidas eletrônicas. 


E é nessa nova era da música Sámi que um professor chamado Eino Ukkonen juntou uns alunos para cantar no Sámi Festival em Utsjoki (fronteira com a Noruega). Neste grupo, estavam as irmãs Ursula e Tuuni Länsmann, as próprias "Garotas de Angeli" (Angelin tytöt). O primeiro trabalho veio somente em 1987, uma demo gravada com a cantora sami norueguesa Mari Boine. Em 1989, um acidente de carro mata um dos membros originais daquele grupo, criando um hiato de três anos até o lançamento do primeiro álbum Dolla (Fogo/Fire, 1992), seguidos por Gittu (Obrigado/Thank You, 1993), inclusive contando com um novo integrante, Alfred Häkkinen nas guitarras e na percussão, e Skeaikit (Laughter/Risada, 1995).


Após o lançamento da coletânea "The New Voice Of North", elas mudam o nome para Angelit, soltando mais dois álbums: Mannú (Moon/Lua, 1999) e Reasons (2003).




Ainda hoje, Angelit se encontra ativo, fazendo shows, mas até o momento, nenhum sinal sobre um possível disco novo. Por hora, vale curtir esta excelente coletânea - o único achado, já que se trata de mais um grupo dificílimo de se encontrar - que abrange seus três primeiros trabalhos com direito a uma música nunca lançada, "Nieida" (Girl/Garota).




Saami Info:


+ Em 1994 Angelin tytöt colaborou com os prog-metalers do Waltari na música "So Fine", dando início a uma parceria que incluiu shows e que durou por vários anos. Entre os outros lançamentos estão: "Jänkhä" do disco "Big Bang" (1995), a segunda versão do single "So Fine" (2000) e o álbum "Waltari & Angelit: Channel Nordica" (2000).


+ Fez parte de uma das encarnações do Angelin tytöt, o vocalista, guitarrista e membro fundador do Korpiklaani Jonne Järvelä. O mesmo já havia conexões saami devido ao seu antigo projeto Shamaani Duo, com Maaren Aikio.


+ Ulla Pirttijärvi é outra importante ex-integrante e seguiu em vôo solo, com apenas três álbuns lançados. O último "Áibbašeabmi" é de 2008.


+ Os sami não gostam do termo "lapão" por considerá-lo colonialista. E pudera. Foi um povo oprimido ao longo da história, primeiro pela igreja através do Laestadianismo de Lars Levi Laestadius, na tentativa de acabar com sua música, religião e costumes, e pelo estado. No fim da Segunda Guerra Mundial, os alemães queimaram todas as suas casas e os sami foram forçados a construírem todas novamente.


+ Inúmeros impasses políticos e sociais persistem até os dias de hoje após a Segunda Guerra, dentre eles, ao contrário de países como a Suécia e a Noruega, na Finlândia a criação de renas - animal símbolo da cultura sami - não é exclusividade das tribos, mas partilhada com o Estado.



+ Apesar do medo de ameaça a este povo indígena, há escolas, livros e até mesmo uma bandeira e um hino sami, além dos já existentes festivais a fim de preservar sua cultura. 


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